domingo, 3 de março de 2019


HISTÓRIAS DE SÃO LUÍS
BEZERRA’S E JORGE BABALAÔ PERSONAGENS DE DESTAQUES NO CARNAVAL.
A essência de São Luís sempre foi o seu povo. A maranhensidade, o jeito maranhense de ser. E nada mais maranhense do que o carnaval maranhense. E hoje eu vou conversar sobre dois personagens que incorporam o espírito do carnaval com a vida social de São Luís. Um é o cearense que se estabeleceu em São Luís e aqui criou vínculos, construiu glamour e um personagem que modificou o pensamento da cidade: O Showman Bezerra, o cabelereiro Bezerra’s.
Bezerra era da geração de Bennys e de Jackson, pioneiros e de muita representatividade na cidade, os primeiros cabelereiros a pontificarem nas colunas sociais da cidade. O Bezerra era proprietários do Salão Bezerra's e se transformou em um ícone do carnaval maranhense, revolucionando-o com suas ousadas fantasias em plena ditadura militar na década de 1970. Fez sucesso nos desfiles da segunda-feira de carnaval no Jaguarema e sua apresentação e passagem pela passarela do clube era ansiosamente aguarda por milhares de foliões e não foliões, todos esperavam por Bezerra e se indagavam sobre qual seria a sua fantasia, qual seria a sua ousadia?
 O Bezerra era fantástico, tinha uma personalidade que ia além do seu tempo. Desfilava com aplausos e ao som de uma claque que gritava "b..., bi...”, um grito homofóbico, mais em nenhum momento sentia-se ameaçado ou desrespeitado, desfilava e depois cumprimentava a todos antes de cair na folia. As escolas de samba, principalmente a Flor do Samba, Turma do Quinto e Favela, que modificaram a maneira de se apresentarem no carnaval, disputavam acirradamente a presença de Bezerra como destaque e levava vantagem na disputa do título de campeão do carnaval quem o levasse para a sua escola. Bezerra fez história na cidade e aqui se sentia mais maranhense do que muitos maranhenses. Sempre encontrava o Bezerra fazendo caminhada na lagoa.
 São Luís tem dessas coisas, nunca foi uma província, sempre teve um comportamento de metrópole, sempre conviveu com a diversidade.
Um outro exemplo para ser lembrado é a grande influência social dos babalorixás em São Luís, tanto no aspecto religioso, quanto no aspecto social, político e carnavalesco da cidade, e neste caso, Jorge Babalaô, o Jorge da Fé em Deus, se distingue de todos os outros babalorixás. Jorge foi líder religioso, político, carnavalesco e agente social dos bairros do Monte Castelo, Fe em Deus, Liberdade e personalidade da cidade. Foi o primeiro babalaô a assumir sua condição de líder religioso em uma sociedade maciçamente católica. Jorge Babalaô teve a ousadia de transformar o dia de fundação da cidade, 08 de setembro, em festa religiosa em sua tenda espirita, incorporando o "espirito de São Luís Rei de França". Jorge foi o protagonista da sessão de “descarrego” e desta sessão obteve a permissão do “Rei D. Sebastião e dos seus touros encantados” para construção do Porto do Itaqui. E se hoje existe o Porto do Itaqui, com certeza Jorge Babalorixá e o Rei D. Sebastião tem a sua participação.
São Luís e suas histórias encantadas e viva o carnaval.