GARRAFEIRO, JORNALEIRO E GELEIRO OS NOSSOS AGENTES
AMBIENTAIS.
Houve um tempo em que não existia no Brasil e principalmente
em São Luís órgão fiscalizador do meio ambiente e muito menos secretária
especializada no assunto. Não tínhamos nenhuma autoridade que entendesse da
questão e nenhum político tirando proveito, ninguém sabia o que era efeito
estufa, camada de ozônio ou preservação ambiental, exceto o Prof. Nascimento de
Moraes e o paisagista Francisco de Paula Gomes.
Neste tempo, todo mundo pescava no Rio Anil, tomava banho no
Rio Cururuca, fazia-se da Avenida Beira-Mar e das “croas” que se formavam na
vazante praias paradisíacas. O Rio São João na estrada de São José com seus
juçarais era de uma beleza inalcançável pela poluição e as praias de São Luís
não conhecia coliformes fecais.
E o lixo doméstico por incrível que pareça era todo
reciclado. E sem nenhuma política pública específica, o maranhense reciclava
tudo o que consumia da forma mais correta. Reciclava o que não lhe servia,
transformando esta atividade totalmente empírica, em geração de emprego e
renda.
Quem não se lembra dos garrafeiros?
Os garrafeiros eram verdadeiros agentes do meio ambiente e
diariamente com sacos de estopas, andavam pelas ruas da cidade comprando
garrafas e litros de vidro, chamando a atenção da freguesia com a voz grave e
marcante de “garrafeiro, garrafeiro.”
Jornaleiros não eram somente aqueles que vendiam jornais,
eram também os que compravam jornais, revistas, papéis e papelões. Carregavam
sozinhos o fruto da leitura de outros para sustento da sua família e ajudavam
empiricamente na preservação do meio ambiente.
Havia os que compravam objetos de alumínio, latas, carcaças
de motores, ventiladores quebrados e fios de cobre. Andavam em carroças e
utilizavam a voz para comunicar a presença e o negócio.
E quando ninguém falava em crise energética e nós viviamos
praticamente sem energia, o Maranhão economizava por obrigação e necessidade,
guardando em geladeiras de querosene, em túneis e em tanques com gelo, o
alimento que deveria ser conservado. Neste período existia um maranhense que vendia
barras de gelo em uma carroça aluminizada sem nenhum sistema de refrigeração.
Um sino anunciava a passagem do geleiro, sendo o precussor da venda com
instrumentos barulhentos e inspirador da Tropigás.
Bebia-se água do pote e de bilha, e quem se aventurava em ir
na Praia do Olho d’Água, tomava água da bica e se banhava no Rio Pimenta ou no
Rio Jaguarema e de presente a natureza lhe oferecia murici, jambo, abil,
guajuru e canapu.