domingo, 12 de outubro de 2025

 

CHICO COIMBRA, O MAGO DA MODA, CARNAVAL E FUTEBOL (do livro personagens da cidade).

Hamilton Raposo de Miranda Filho.

Outubro quase terminando e carnaval chegando, o flagelo da pandemia pelo coronavírus passou, como passa o carnaval, entretanto, se pretendo falar de carnaval, vale lembrar de alguns personagens que fizeram história no carnaval e na vida social de São Luís.

Há alguns anos, li em uma das redes sociais, um comentário do ator e diretor de teatro Cesar Boaes sobre Chico Coimbra. O estilista e carnavalesco que modificou o carnaval, o comportamento, a moda e a vida social de São Luís.

É imaginável se pensar que as calças tinham nomes e formas, e pouco importava a marca, situação bem diferente dos dias atuais. As calças tinham nomes e se deixassem, tinham sobrenome, como a calça boca de sino, pantalona, Saint Tropez e a desajeitada calça tipo toureiro. As calças vestiam e caracterizavam a tendência e poucos se importavam ou tinham noção de crítica do que vestiam. Tudo era muito esquisito. Às vezes, chego a me perguntar de como vestir aquilo?

Os sapatos? Vale ressaltar e recordar o motinha, a bota preconizada pelo programa jovem guarda, o sapato com salto carrapeta e os sapatos bicolores, que ainda resistem em muitos dançarinos das famosas serestas de São Luís. Tudo muito estranho. Tênis Adidas, Nike, Mizuno nada disso existia e se quiséssemos um tênis, teríamos de recorrer ao Conga, Kichute ou Bamba. Quem tinha algum problema de altura apelava para o sapato de salto carrapeta e ganhava alguns centímetros na altura. Aqueles que eram mais estilosos desfilavam com um motinha ou com uma bota estilo Roberto Carlos, a famosa bota calhambeque, marca registrada dos produtos de Roberto Carlos, e quem gostava de festa usava o esquisitíssimo sapato bicolor.

As camisas ballon, volta ao mundo e as terríveis camisas de seda combinavam com o look para a ocasião, porém, nada se igualava em esquisitice ao terno de xadrez usado pelos executivos ou as calças de listas tipo pantalona.

Tenho uma foto do meu primo Franklin Filho vestido com uma dessas calças e uma camisa curtíssima na porta do seu corcel 1976. Vale o registro desse carro que sobreviveu a todas as farras possíveis e impossíveis sem nunca ter feito uma revisão. O carro obedecia até comando de voz e rodava somente com o cheiro do Rum Montila.

A moda em São Luís só ganhou estilo próprio com a chegada do colunismo social como pauta de maior importância nos jornais da cidade. A sociedade emergente necessitava de alguém com talento suficiente para desenhar e assinar a nova moda da cidade. E a pessoa com talento suficiente e capaz de criar um estilo ludovicense de se vestir, foi o meu amigo e vizinho da Praça da Alegria, Chico Coimbra. A importância de Chico Coimbra ainda não pode ser dimensionada, tudo que se refere a estilo, bom gosto, criação, carnaval e futebol passou pala mãos talentosas de Chico. Torcedor fanático da Bolívia Querida, Chico Coimbra assinou a equipagem mais bonita do Sampaio Correia, a pedido do então presidente do Sampaio Correa, Dr. Nonato Cassas. Nesta época a Bolívia Querida disputou o campeonato brasileiro da séria A e a equipagem do time fez mais sucesso do que a participação do clube no campeonato.

Viva Chico Coimbra, um dos maiores maranhense do século XX!