quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

 A PRAÇA JOÃO LISBOA, O REINADO DO REI DOS HOMENS!

HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO

A Praça João Lisboa é o coração da cidade de São Luís, também conhecida como Largo do Carmo, uma homenagem a Igreja Nossa Senhora do Carmo e ao Convento dos Frades Capuchinhos.

A praça foi inaugurada em 1901 pelo Governador João Gualberto Torreão da Costa e pelo Intendente Alexandre Colares Moreira Junior, em homenagem ao grande escritor, jornalista, historiador, deputado provincial e patrono da cadeira número 18 da Academia Brasileira de Letras, João Francisco Lisboa, nascido em 1812 no município de Pirapemas e falecido na cidade de Lisboa, no dia 26 de abril de 1863.

A Praça João Lisboa sempre foi o ponto nevrálgico de São Luís, além de ter sido importante centro financeiro, foi também importante centro comercial e político. Atrevo-me a dizer, que a Praça João Lisboa foi o mais importante centro político da capital maranhense. Foi da Praça João Lisboa que ecoaram os inflamados discursos de Neiva Moreira, deputado cassado e exilado pelo golpe militar de 1964, e de Lino Machado, fundador do Partido Republicano e deputado constituinte de 1946. Foi Lino Machado o fundador do Jornal O Combate, principal veículo de oposição ao PSD de Vitorino Freire.

Foi na Praça João Lisboa que se iniciou a greve de 1950, que transformou a cidade de São Luís em clima de guerra civil. Foi na Praça João Lisboa, na sacada da Igreja Nossa Senhora do Carmo, que Jânio da Silva Quadros fez o mais inflamado discurso da eleição presidencial de 1960.

A Praça João Lisboa ou o Largo do Carmo, sempre será o coração e o sistema nervoso da cidade e ali, bem em frente a igreja, funcionou durante anos, até o final da década de 1970, o senado da praça ou senadinho, como costumavam chamar os seus membros, entre estes tinha jornalistas, advogados, empresários, políticos, estudantes, professores, médicos,..., todos liderados pelo “Presidente Vitalício”, Michel Nazar.

Entretanto, quem reinou na Praça João Lisboa de forma altiva, às vezes petulante, outras vezes com um comportamento ameaçador, foi um personagem caricato e popularmente chamado de Rei dos Homens.

Rei dos homens estava sempre vestido com um paletó surrado pelo tempo, e por baixo, várias camisas puídas e desgastada pelo uso, dando-lhe um aspecto de maltrapilho sem realeza.

Em um artigo publicado na Folha de São Paulo em 2004, o ex-presidente e escritor José Sarney, trata o Rei dos Homens como um homem magro, alto, pálido de olhos avermelhados.

Rei dos Homens entre um trago e outro, fazia previsões, falava sozinho e se dizia enviado de Deus e em seus delírios místicos, confundia santidades com pessoas comuns e mortais.

Rei dos Homens, segundo o escritor José Sarney, tinha o nome Iwalter; para alguns frequentadores do abrigo da Praça João Lisboa, companheiros de copo e de cruz do Rei dos Homens, afirmavam que o verdadeiro nome de Rei dos Homens era Raimundo Nonato e que ele tinha familiares que moravam no bairro do Monte Castelo.

Rei dos Homens é um personagem da Praça João Lisboa e de São Luís que infelizmente não deixou nenhum herdeiro em seu reinado

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