REI, REINALDO FARAY (sem correção do Livro Personagens de São Luís)
HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO
Quem poderia imaginar que um maranhense Cururupu, descendente de libaneses, poderia ser o maior e mais prestigiado ator, diretor, autor, produtor e bailarino clássico do Maranhão e um dos maiores do Brasil?
Pois este maranhense que saiu de Cururupu, cidade do litoral maranhense, para estudar e se tornar oficial da Marinha Brasileira na cidade de Belém do Pará, acabaria descobrindo nesta cidade o talento para representar, produzir peças teatrais e dançar. Este grande maranhense se chamava Reinaldo Faray.
A vida teatral de Reinaldo Faray apesar de se iniciar em Belém, ganhou contorno profissional no antigo território do Amapá, onde dirigiu a Fundação de Cultura daquele território.
Reinaldo Faray estudou teatro e ballet clássico na Fundação Brasileira de Teatro na cidade do Rio de Janeiro, e no início da década de 1950, a convite do SESC, retornou para o Maranhão e se estabeleceu em São Luís, onde fundou nesta instituição o Teatro Escola do SESC. Nesta mesma década, se desliga do SESC e funda um grupo de teatro chamado de Teatro de Equipe do Maranhão.
Algum tempo depois, no início da década de 1960, Reinaldo Faray fundou o Teatro Experimental do Maranhão, o TEMA, que aglutinou grandes artistas de São Luís como Eugênio Giust, Lúcia Nascimento, Regina Teles, Aldo Leite, Tácito Borralho, Carlos Lima, Domingos Tourinho e tantos outros artistas que desfilaram os seus talentos artísticos juntos com Reinaldo Faray no Teatro Artur Azevedo, Teatro da Escola Técnica, Teatro da Igreja de São Pantaleão e no Teatro do SESC. Ressalto que a primeira peça teatral que assistir foi no Teatro da Igreja de São Pantaleão e chamava-se “As Sandálias do Pescador” e que tinha como atores principais, Reinaldo Faray e Carlos Lima.
O Teatro Experimental do Maranhão representou para as artes cênicas do Maranhão o que o Teatro Tablado, um grupo e escola de teatro fundado por Maria Clara Machado, representou para as artes cênicas do Rio de Janeiro e do Brasil.
Reinaldo Faray tinha inúmeras facetas. Produziu, dirigiu e atuou em diversos programas de televisão, como telenovelas, ballet e entretenimento; produziu, dirigiu e atuou em inúmeras peças teatrais em Macapá, Belém, São Luís e outras capitais do Brasil.
Entretanto, o Reinaldo Faray que conhecíamos e privamos um pouco da sua convivência, era o Reinaldo bailarino, o pioneiro do ballet clássico no Maranhão e que fundou a primeira escola de ballet em São Luís, situada no Clube das Mães. Através da Escola de Ballet do Clube das Mães vieram todos os bailarinos e bailarinas do Maranhão, todos com talento reconhecidos no Brasil e no mundo.
Aquele homem que produzia, dirigia e atuava no Teatro Experimental do Maranhão e que encantava a sociedade ludovicense com passos de “plié, feté, petit jeté ou tendu,..”esperava pacientemente fevereiro chegar e deixava tudo que era clássico de lado e mergulhava na cultura popular, transformando-se em um grande folião, participando dos desfiles de fantasias nos clubes sociais da época ou desfilando como destaque na Favela do Samba, sua escola preferida.
E como toda farra, alegria e despojamento tinha um fim, tudo acabava e começava na quarta-feira de cinzas. Reinaldo Faray não descansava, o prazer pela dança e pelo teatro recomeçava e como fazia todos os anos, começava com os ensaios da peça teatral a Paixão de Cristo.
Reinaldo Faray de despediu da vida aos 72 anos, no dia 18 de fevereiro de 2003. E aquele adolescente que saiu de Cururupu para ser oficial da Marinha Brasileira, se transformou no maior artista de artes cênicas do Maranhão e com certeza não merecia apenas o nome em uma concha artística como homenagem. O Maranhão tem um débito muito grande com seu maior artista.
Reinaldo Faray, presente!