FUTEBOL DE SALÃO E AS TRIBOS DE INDIOS (do livro Crônicas das Minhas Memórias - Hamilton Raposo Miranda Filho )
Todos os meus amigos do futebol e fora do futebol sabem da minha paixão pelo Sampaio Correia Futebol Clube, a Bolívia Querida. Sou daqueles torcedores que vão ao Castelão e ao Nhozinho Santos, incentivar sua equipe. Não perdia os programas do Herberth Fontenele, o comentarista mais boliviano que existiu, e como ele, faço tudo para ver o Sampaio campeão. Não meço esforços – cheguei a viajar com o time em jogos fora de São Luís, na companhia de “Geografia”, de saudosa memória, Filadelfo, Alberto Junior, Pit Caju, dentre outros grandes desportistas.
Gostar ou não de futebol é uma coisa, ser apaixonado é outra bem diferente. São Luís, a ilha rebelde, desperta paixão, ou você gosta ou não gosta. Sempre foi assim. Aqui se torce pelo Moto Clube ou pelo Sampaio Correia, alguns até que se arriscam a torcer pelo Maranhão Atlético Clube em ocasiões muitos especiais. Meu pai era maqueano e considero o Maranhão Atlético Clube o meu segundo time, mas a paixão é ser rubro-negro ou tricolor. Na política é a mesma coisa – até algum tempo atrás, ou você gostava do Sarney ou odiava o Sarney.
Atualmente é Flávio Dino - ou você gosta, ou não gosta dele. Houve um tempo que a polarização política era entre Cafeteira e Sarney – até que em 1985, em face da necessidade de eleger Tancredo Neves para a Presidência da República, os dois se aproximaram, e em 1986 Cafeteira elegeu-se governador do Maranhão com o apoio de Sarney.
Sou apaixonado pelo rádio AM, e anos atrás a Rádio Difusora era a minha emissora favorita, que sintonizava para ouvir Lima Junior, Fernando Sousa, Clésio Muniz, Jota Alves e Guioberto Alves. Também ouvia, pela Rádio Timbira, Rui Dourado, Jairo Rodrigues, Canarinho, Hélio Rego e vários outros. Passei muito tempo ouvindo o Domingo é Nosso, Alegria na Taba, Futebol de Meia Tigela, Ronda Policial e outros programas inesquecíveis. Ouvi e me atualizei com os acontecimentos políticos através do Difusora Opina, na voz grave e marcante de Fernando Sousa, lendo os textos escritos por Bernardo Coelho de Almeida. Como esquecer a Guerra dos Mundos, quer encenou a suposta invasão de extraterrestres em São Luís, causando o maior pandemônio na cidade. Vivíamos sem a Globo, TV a cabo ou internet. E mesmo assim, vivíamos com intensa paixão.
A paixão era tanta, que a avenida Beira-Mar ficava lotada em dias de jogos de futebol de salão, hoje futsal, no Casino Maranhense, principalmente quando a partida era entre dois dos times mais queridos da cidade: o Drible e o Cometas. O Drible, fantástico time dos irmãos Saldanha, reunia atletas como Lobão, Luizinho, Chedão, Guilherme e Mota, enquanto o Cometas contava com Dunga, Biné, Poé, Nonato Cassas e Elias. Eram noites inesquecíveis!
Certa vez assisti na Praça da Alegria a um exemplo de paixão explicita, uma briga entre dois blocos de carnaval, as tribos de índios Pownee e Apaches. Eram duas paixões. São Luís gostava de tribos de índios no carnaval e os fãs sempre acompanhavam estes blocos. O sentimento era visceral e chegavam a brigar quando se encontravam, partiam aos gritos uns para cima dos outros com tambores, lanças, reco-recos e tamborins. Eu adorava as tribos de índio do carnaval maranhense e confesso aqui um sonho que não realizei: sair em uma tribo daquelas no carnaval. Uma grande frustração.
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