segunda-feira, 17 de setembro de 2018


COINCIDÊNCIAS E SIMILIARIDADES (PARTE V)
João Castelo deixou o governo com a máquina administrativa e as contas públicas infladas em mais de 40 mil funcionários. O rompimento político dele com José Sarney àquela altura já era visível e comentado nos meios políticos do Estado e bem peculiar, como convém às grandes raposas da política maranhense.
As eleições estaduais por voto direto para escolha de governador e vice-governador, a primeira após o golpe militar, aconteceram no dia 15 de novembro de 1982. O gigantismo da ARENA e das forças conservadoras foram transferidos para o PDS, em face da extinção do bipartidarismo.
O PDS do Maranhão, sob o comando de Sarney, seguia pacificado após um suposto acordo político entre Castelo e Sarney, e os escolhidos do partido para disputarem os cargos de governador e de vice-governador foram Luiz Alves Coelho da Rocha e João Rodolfo Ribeiro Gonçalves, respectivamente. Concorreram Renato Acher (PMDB), Reginaldo Teles (PDT), Osvaldo Furtado (PT) e Cesário Coimbra (PTB).
Luiz Rocha era maranhense da cidade de Loreto, região sul do Estado, e entrou para a política ainda adolescente, ao presidir a Casa dos Estudantes Secundaristas (UMES), chegando posteriormente a ser vice-presidente da UNE na gestão de José Serra. Era advogado formado na UFMA e começou na política partidária na UDN, o partido de Sarney. Com o fim dos partidos políticos, após o golpe militar, seguiu o seu mentor político e se filiou na ARENA, depois transferindo-se para o PDS, sem junto com Sarney.
João Castelo foi eleito senador pelo PDS concorrendo com João Mota (PMDB), Luís Fernando Freire (PDS), Clay Lago (PDT), Oliveira Santiago (PT) e Antônio Vera Cruz Marques (PTB).
Foram eleitos para Câmara dos Deputados pelo PDS: Edson Lobão, Sarney Filho, Bayma Lago, Enoc Vieira, João Alberto, José Burnett, Nagib Haickel, João Rebelo, Jaime Santana, Vitor Trovão, Magno Bacelar, Vieira da Silva, José Ribamar Machado e Eurico Ribeiro. Pelo PMDB ganharam assento na Câmara Cafeteira, Cid Carvalho e Wagner Lago.
O PDS elegeu para a Assembleia Legislativa Francisco Coelho, Bento Neves, Biné Saback, Eduardo Mathias, Ricardo Murad, Raimundo Leal, Carlos Sosthenes, Mauro Fecury, Marcone Caldas, Teoplistes Teixeira, Joaquim Haickel, Alberico Filho, Pontes de Aguiar, Davi Alves Silva, Carlos Melo, Manoel Oliveira, Júlio Monteles, Sebastião Murad, José de Ribamar Lauande, Aristeu Barros, Aloisio Lobo, Moisés Reis, Celso Coutinho, Cesar Bandeira, Jurandir Lago, José Paiva, Afonso Bastos, José Gerardo, José Elouf, Yedo Lobão, Benedito Florêncio, Dorian Menezes e Orlando Aquino. Pelo PMDB foram eleitos Haroldo Saboia, Carlos Guterres, Freitas Filho, Nonato Lago, Mauro Bezerra, Luiz Pedro, Maria da Conceição e Gervásio Santos.
Luiz Rocha durante o seu governo se indispôs com o funcionalismo público, com médicos e trabalhadores rurais. Em um desses embates, durante uma greve de médicos, o governador ordenou a prisão do líder da greve, o médico João Bentivi. Os conflitos no campo eram constantes e, simpatizante da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Rocha era acusado por seus adversários de não priorizar as reivindicações dos trabalhadores rurais.
Em um conflito no campo, o trabalhador rural Antônio Fontenele Araújo, fora assassinado por jagunços, supostamente a mando de fazendeiros da UDR, o que provocou a indignação da Igreja Católica que exigia rigor e rapidez na investigação do crime. Em face da lentidão na apuração do fato, Luiz Rocha e o seu Secretário de Segurança, Coronel Silva Junior, foram excomungados pela Igreja por ato do bispo D. Pascário Retler.
No entanto, o maior conflito que Luiz Rocha enfrentou foi com os funcionários públicos. De posse de uma caneta vermelha, ele tentava explicar na televisão o déficit público e a necessidade de um processo seletivo entre os servidores estaduais. O governador não conseguiu realizar o processo seletivo e ninguém foi demitido.
Em 1982 a ditadura militar que governava a Argentina leva aquele país a uma guerra com a Inglaterra na Ilha Malvinas, causando para a Argentina a maior humilhação militar, política e social.
Naquela ano, no Brasil, a oposição diria não aos militares, elegendo 10 governadores, incluindo Franco Montoro em São Paulo, Tancredo Neves em Minas Gerais e Leonel Brizola no Rio de Janeiro, após desmascarar um esquema de fraude com a participação das Organização Globo, que ficaria conhecido como o famoso caso Proconsult.
No esporte o Brasil perde a copa do mundo na chamada “Tragédia do Serriá”, com uma geração de craques comandados por Zico, Sócrates, Falcão, Cerezo, Junior e Éder. A seleção tinha como treinador o campensíssimo Telê Santana. O Brasil descobre o vôlei e surge a geração de prata, Bernardo e William à frente. O Flamengo ganha o título brasileiro e o Moto Clube é o grande campeão maranhense de futebol. A Revista Placar denúncia um gigantesco esquema de fraude.
O Brasil começa a se preocupar com a AIDS e o crack chega aos EUA.
O Brasil canta e dança com a Legião Urbana, Capital Inicial, Blitz, Barão Vermelho, Cazuza e Paralamas e chora a morte de Elis Regina.

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