sábado, 8 de setembro de 2018


José Sarney consolida-se como a maior liderança política Maranhão. O falecimento do Senador Vitorino Freire fortaleceu sua presença e seu prestígio junto aos militares, o que culminaria com a sua ascensão ao comando da Aliança Renovadora Nacional (Arena). Bem articulado, Sarney não teve dificuldade em indicar o futuro candidato a governador do Maranhão por eleição indireta em 1978.
Osvaldo da Costa Nunes Freire sofreu uma oposição implacável do Jornal O Estado do Maranhão, de propriedade do senador José Sarney no período em que foi governador. Com a saúde debilitada, Nunes Freire não teve força política para comandar e indicar o candidato a governador de 1978, restando, porém, por sua respeitabilidade, vetar o nome do senador José Sarney.
A eleição de 1978 ocorreu em dois pleitos. O primeiro em 01 de setembro de 1978 e elegeu por via indireta João Castelo Ribeiro Gonçalves e Artur Carvalho para os cargos de governador e vice-governador respectivamente, além de Alexandre Costa para o Senado Federal, chamado na época de senador biônico, aquele que não recebia votos, bastava ser indicado pela ARENA e ser do agrado dos generais de plantão no Planalto. Neste caso a indicação foi de Sarney.
O segundo pleito aconteceu no dia 15 de novembro de 1978 e elegeu José Sarney por via direta para o Senado Federal, além de deputados federais e estaduais. Para a Câmara Federal foram eleitos pela Arena Luís Rocha, Vitor Trovão, Edson Lobão, Magno Bacelar, João Alberto de Sousa, Edson Vidigal, Nagib Haickel, Temístocles Teixeira, Vieira da Silva e José Ribamar Machado. O MDB elegeu Epitácio Cafeteira e Domingos Freitas Diniz. Para a Assembleia Legislativa foram eleitos pela Arena Enoc Vieira, Sarney filho, Alexandre Costa Junior, José Bento Neves, Alberico Ferreira, Fernando Falcão, Francisco Coelho, Dorian Menezes, Wilson Neiva, Pontes de Aguiar, Absalão Coelho, Ivar Saldanha, Gervásio Santos, João Afonso Lopes BASTOS, Filadelfo Mendes Filho, Artur Teixeira de Carvalho Filho, Celso Coutinho, José Elouf, Raimundo Lima, Josélio Carvalho Branco, Remi Ribeiro, Marconi Caldas, Nan Sousa, José Gerardo de Abreu, Raimundo Leal, Orlando Aquino, Manoel Sebastião Pinheiro, Marco Vieira da Silva e Mario Carneiro. O MDB elegeu Haroldo Saboia, Bete Lago, Carlos Guterres, Maria da Conceição Sena Mesquita e Valdivino Castelo Branco.
João Castelo começa o governo sob as bênçãos de Sarney e dos militares e dinheiro farto para obras gigantescas, principalmente na capital. O Castelão, o conjunto habitacional Cidade Operária, o programa de distribuição de alimentos, Hospital do IPEM, conclusão da Ponte Bandeira Tribuzi, ITALUIS e muitas outras obras. Entretanto, foi no governo de João Castelo a primeira organização efetiva da oposição, quando o governo foi surpreendido pela maior manifestação política do Estado e uma das maiores do País: a greve da meia-passagem.
O movimento paralisou a cidade e preocupou os militares. A desproporcional repressão policial ordenada pelo governador e a falta de diálogo do então Prefeito Mauro Fecury, radicalizaram o movimento grevista liderado por Juarez Medeiros, Heloisa Pacheco, Carmem Damous, Coelho Neto, Agenor Gomes, Renato Dionísio, Jomar Fernandes, Joãozinho Ribeiro, Juarez Medeiros e Cunha Santos, recebendo a adesão de  milhares de estudantes, que foram às ruas dizer “não” ao governador e ao prefeito e aos generais de plantão na Presidência. A resistência estudantil venceu a intolerância, a opressão e o autoritarismo.
Foi no governo de João Castelo que o poeta, contista e ambientalista Nascimento de Moraes Filho se levantou com um grupo de intelectuais contra a instalação da ALCOA em São Luís. Previam a catástrofe ao meio-ambiente provocada pela indústria e o pouco retorno social do projeto à cidade. Estavam certos!
A influência de Sarney no Governo do Estado é notória e os dois seguem aliados até o final do governo, quando Sarney indica Luiz Rocha como candidato ao governo do Estado. Restou a João Castelo uma vaga ao Senado e como não pode indicar o governador, indicou o primo João Rodolfo como vice, pouco para quem sonhava ser a maior liderança política do Estado. A ruptura política ficou evidente com a eleição de dona Gardênia, esposa de Castelo, para a Prefeitura de São Luís, em acirrada disputa com o candidato de Sarney, na época Jaime Neiva de Santana.
Em 1978 um misterioso acidente de avião quase leva a óbito o arcebispo Dom Mota, o Juiz Ribamar Heluy e o padre Vitor Acelim, que investigavam grilagem de terras e assassinatos de trabalhadores rurais. O Sampaio Correa é campeão maranhense de futebol com a espetacular e incomparável linha de atacantes formada por Prado, Cabecinha e Bimbinha. Em concurso organizado pela colunista social Maria Inês Saboia, Nazaré Bezerra Carvalho, representando o Grêmio Lítero Português, é escolhida em grande festa, como Miss Maranhão. A Beija-Flor de Nilópolis é campeã do carnaval carioca com o samba a “Criação do mundo segundo a tradição de Nagô”. Aqui em São luís a Favela do Samba é a grande campeão do carnaval.
Sem se consolidar com grande liderança política no Estado, João Castelo não teve força para indicar o seu sucessor. O Maranhão teve que aceitar Luiz Rocha, o fiel amigo de Sarney.



Nenhum comentário: