A TURMA DA SODISCO
Há algum tempo acompanho nas redes sociais os encontros de
uma turma que reflete muito bem a vida social de uma época. O comportamento era
de menor intensidade e não tinham a globalização da comunicação e a rapidez das
redes sociais. A forma de entretenimento era tímida e quase que restrita a
visitas familiares, bate-papo em uma escada, vídeo-tapes e long-plays. O rigor
da censura restringia o alcance da informação, cultura e lazer, mais não
impedia o convívio social.
A música que sempre aproximou as pessoas nos mais diferentes
contextos, servia de válvula de escape para aqueles duros anos de repressão. O
certo é que existe uma etapa de vida em que a música tem um folego maior e nos
tornamos mais sensíveis ao ouvi-la. E em torno da música, vários grupos sociais
se reuniam todas as tardes na porta da loja SODISCO na Rua Grande. Ali se
comprava, trocava ou se emprestava os hits do momento.
O coordenador dos encontros e orientador musical era o
gerente da loja, conhecido por Betinho, que indicava o disco a ser adquirido de
acordo com a preferência de cada um. Alguns gostavam de Pink Floyd, The Who,
Nazareth, Black Sabbath, Santana; outros preferiam baladas românticas, aquelas
músicas que tocavam nas festas domiciliares da época. Músicas como Alone Again,
Clear, Ben, Rock and Roll Lullaby que embalavam corações adolescentes apaixonados.
Na SODISCO as tribos se encontravam. A loja não existe mais.
Os amigos, companheiros, colegas de encontro na SODISCO
permanecem na vida, alguns distantes e outros nem tanto, permanecem se
encontrando sem as calças boca de sino ou de cabelos grandes, quase todos
chegam com os filhos ou netos e relembram, entre tantas lembranças, os dias em
que bateram cabeça com o mais puro rock and roll ou dançaram de rosto colado ao
som de Bem de Michael Jackson.
HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO
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