domingo, 20 de janeiro de 2019

HISTÓRIAS DE SÃO LUÍS
A FORÇA DO RÁDIO E A CHEGADA DA TELEVISÃO.
A força do rádio é indiscutível e o país sempre esteve nas ondas do rádio. Em São Luís não podia ser diferente. Este meio de comunicação sempre serviu para entretenimento, informação e cultura. Se o Brasil cantava e dançava com as cantoras de rádio antes da televisão, aqui também nós tivemos as nossas cantoras do rádio e que fizeram as manhãs de domingos mais festivas. Orlandira Matos e Lurdinha Sousa eram um fenômeno de sucesso e de audiência na cidade. O programa de Lima Junior na Rádio Difusora recebia cantores, cantoras e os famosos calouros, como o programa de Ari Barroso na Rádio Nacional.
São Luís simplesmente parava as 12h00min horas para ouvir Fernando Sousa, almoçava-se somente depois do comentário político do “Difusora Opina” que era o termômetro político da cidade. Fernando Sousa foi o primeiro âncora da comunicação maranhense. A sua opinião refletia todas as tendências políticas da cidade e do estado. No período de carnaval todas as notícias eram passadas aos ouvintes ininterruptamente pelos Vigilantes RD. Nada passava despercebido pelos Vigilantes RD. A cidade funcionava em um Transglobo da Philips.
As manhãs de domingo eram do Aldir Dudman e do Lima Junior e as tardes esportivas dos competentes Guioberto Alves, Jafé Mendes Nunes, Rui Dourado, Canarinho, Luciano Silva, Herbert Fontenele e Jairo Rodrigues.  A força do Rádio Maranhense ficou evidenciada por ocasião do programa a “Guerra dos Mundos”. A cidade parou e ficou completamente anestesiada e em pânico entrou em desespero devido uma suposta invasão alienígena. Uma ficção do Orson Welles adaptada pela excelente equipe de comunicadores da Rádio Difusora comandada por Sérgio Brito e apresentado por Rayol Filho e Fernando Silva. Devido o realismo dado a ficção, a emissora teve depois sérios problemas com a justiça. Acho que foi o melhor programa de rádio já produzido no Maranhão.
O Rádio Patrulha e Futebol de Meia Tigela produzido por Rui Dourado e apresentado Rádio Timbira costumavam ter 100% de audiência. Os programas tinham personagens que foram incorporados no cotidiano da cidade, como o “xexeléu o dono das coisas”. O Domingo é Nosso de Lima Junior, quando deixou de ser apresentado em auditório e passou a ser produzido em estúdio, introduziu a participação dos ouvintes por telefones e a cidade parava e escutava o Domingo é Nosso!
Alegria na Taba, Ronda Policial, Debaixo do Cajueiro, Galinho da Madrugada e Correio do Interior tiveram uma importância social que ia além do entretenimento, necessitando devido sua importância de um profundo estudo social e antropológico. A história contemporânea de São Luís pode ser contada pelos programas de rádio. Foi pelo rádio que Sarney fez valer “meu voto é minha lei” e Cafeteira o “prometeu e cumpriu”.
O rádio nunca perdeu sua força e influência nem mesmo com a chegada da televisão, trazendo novidades, pioneirismos e imagens. As telenovelas TV Tupi e da atual onipresente TV Globo, nada mais são que uma adaptação das radionovelas. Irmãos Coragem foi uma adaptação de Jerônimo o Herói do Sertão. Artistas como Reinaldo Faray, Aldo Leite, Carlos Lima, Lurdes Tajra e Murilo Campelo (ator, apresentador, locutor, humorista e repórter) representavam e divertiam os maranhenses pelas ondas do rádio.
O público infantil tinha o seu horário e seus palhaços. Marreta e Pipiu faziam sucesso e zelavam pelo bom comportamento das crianças. Existia um jargão criado pelo palhaço Marreta “saiu do coração de Marreta” para quem fizesse alguma travessura ou desobediência, e eu tinha um pavor de sair do coração do Marreta. Dona Carochinha apresentado por Nicomar Costa, contava histórias infantis e tocava somente músicas infantis, ficou décadas no ar , ora na Radio Ribamar, ora na Rádio Educadora.
A compra de aparelhos de televisão era para poucos e assistir televisão um luxo. Normalmente as pessoas se reuniam na casa de algum vizinho que tinha uma televisão e todos assistiam juntos e felizes, eram os “televizinhos”, que aplaudiam até os chiados e chuviscos dos velhos televisores a válvulas. Nesta época, a Prefeitura de São Luís, instalou em cada praça um aparelho de televisão, acabando assim com o ecumenismo dos “televizinhos”. Conta-se que a maioria dos televisores instalados em logradouros públicos foram depredados por telespectadores inconformados e descontentes com um final de novela, provavelmente Irmãos Coragem.
O início da televisão em São Luís permitiu que assistíssemos séries fantásticas e hoje transformados em filmes cult, como: Zorro, Ritintim, Vigilante Rodoviário, Guilherme Tell e Nacional Kid. A televisão se globalizou, entrou em rede e perdeu o encanto para as redes sociais. O rádio permanece mais vivo do que nunca!
São histórias da minha cidade!
Uma homenagem a todos os radialistas e jornalista de São Luís.
HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO

Nenhum comentário: