domingo, 27 de janeiro de 2019

RESIDÊNCIAS, CASAS E TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS
São Luís é uma cidade cosmopolita e por diversas épocas passou por transformações urbanísticas que contam a história da cidade e do seu povo. As décadas de 1950 e 1960 devem ser muito bem analisadas por arquitetos, urbanistas e historiadores, talvez seja o período de maior transformação da cidade.
Nesta época foram construídas diversas residências no centro de São Luís ou em bairros próximos e emergentes e que ainda se mantêm em sua opulência e beleza. Alguns destas residências ficaram desfiguradas, outras foram transformadas em pontos comerciais, estacionamentos ou repartições públicas. Estas construções que resistem ao tempo e as transformações da cidade, passam despercebidas dentro do contexto de valorização do estilo colonial.
Na Rua de Santa Rita a residência de Heitor Franklin da Costa e de José Ateniense Libério se enquadra neste contexto estético. A Rua dos Remédios esquina com a Rua dos Afogados tem um dos mais belos exemplares da arquitetura maranhense, a antiga residência do Dr. Ernane Barros. Na Rua das Hortas podemos ainda admirar a opulência do prédio da Justiça Federal em frente a Praça Odorico Mendes, a residência de Dr. Gabriel Cunha hoje Fundação Josué Montelo e diversas outras construções do período. A Rua do Sol esquina com a Rua de Santa Rita chama atenção a antiga residência da família Francis, e na Avenida Beira-Mar diversas casas resistem e se mantem como residência, o exemplo é as residências da família Neiva de Santana e de Haroldo Tavares.
Saindo do centro da cidade, o Canto da Fabril resiste ao tempo e ao abandono, e a residência da família Aboud, toda construída em ferro pré-moldados importados da Inglaterra é um deste exemplo da arquitetura que resiste ao abandono e a pouca importância dos gestores públicos com a história da cidade. Esta casa conta a história têxtil do Maranhão e de um passado progressista do estado. No bairro do Monte Castelo a residência de Eduardo Aboud, hoje uma clínica urológica, é outra construção que merece ser vista pela beleza e importância social e histórica. A residência da família Mendonça, chamada casa das bolinhas, adquirida pela família de um famoso maçom da cidade, retratava com as bolinhas na parede externa triângulos referentes a simbologia maçônica. Mais acima um conjunto de residências representativas do período, como as residências de Gentil e Noris Garrido, Carlos e Zelinda Lima, Manduca Bogéa e a famosa águia guardando a entrada da casa, e a belíssima residência da família Moraes Correia, são outros belos exemplos da arquitetura maranhense do período que fizeram e fazem a cidade ficar mais bonita.
A estética da cidade não ficou restrita às construções residenciais, a cidade despertava e se expandia além do Canto da Fabril. O projeto da Avenida Kennedy e a entrega de casa populares ao longo da avenida, entre a confluência da avenida com a Vitorino Freire até a Praça da Bíblia, foi o marco de crescimento para a periferia da cidade. A Avenida Kennedy dividia as Coreias, a Coreia de baixo e a Coreia de cima. O conjunto Filipinho, projetado por uma cooperativa, mantém as mesmas características até hoje. O conjunto Aldenora Belo foi responsável pelo surgimento e crescimento do Bairro da Alemanha, Ivar Saldanha e Avenida dos Franceses, também permanece com as mesmas características.
São Luís resiste a tudo, sobrevive resistindo a todas as descaracterizações, desorganização, omissão e modismos. Passeie pela cidade, observe e admire a sua arquitetura através dos tempos. Um bom domingo a todos!
HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO.

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