HISTÓRIAS DE SÃO LUÍS - O
FILIPINHO E AS MUDANÇAS SOCIAIS
A cidade São Luís viveu
no último século um processo de expansão urbanístico significativo. O parque
têxtil maior empregador privado da cidade em meados do século passado foi o
principal responsável pelo tipo de mudança habitacional. Surge as vilas como
solução de moradia para os trabalhadores da indústria têxtil.
As vilas eram um tipo de
moradia comum nas décadas de 1940 a 1960 e foram os embriões dos atuais
conjuntos habitacionais, modelo adotado a partir da década de 1970 com a
finalidade de solucionar o problema de moradia da cidade. E assim a cidade
cresceu com o aspecto de vila ou de conjunto residencial.
A Vila Gracinha situada nas
proximidades da Rua do Passeio, as residências geminadas habitadas por
trabalhadores no Canto da Fabril, as residências com pequenos terraços no
bairro do Anil próximo à Fábrica Rio Anil são exemplos de vilas ocupadas por
operários da indústria têxtil, que visavam substituir os cortiços, um tipo de
habitação popular comum naquela época.
Na década de 1950, o
Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários (IAPC), entrega à cidade
de São Luís o Conjunto Filipinho, projeto residencial moderno e diferenciado,
integrando habitação e funcionalidade. Um pouco depois, na Avenida Getúlio
Vargas no bairro do Monte Castelo, foi entregue pela Fundação da Casa Popular,
o conjunto residencial conhecido como Populazinho e na Avenida Kennedy casas
populares que separavam as duas oreias, a Coreia de baixo e a Coreia de cima, e
no bairro da Alemanha o Conjunto Aldenora Belo.
O Filipinho foi criado
para os trabalhadores do comércio e na década de 1970 em consequência de uma
série de mudanças sociais que aconteciam na cidade, principalmente pela
extinção dos bondes, o principal meio de condução, e a dificuldade de acesso da
população aos meios de transportes automotivos, a classe média emergente começa
a deixar o centro da cidade e o Filipinho ganha status de bairro de classe
média. O bairro estava próximo ao centro e dos dois principais centros de lazer
desta classe social, Clube Litero Português e Clube Recreativo Jaguarema, foi o
bairro preferido para esta mudança de estilo de moradia.
No Filipinho surgiu a
principal churrascaria e sorveteria da cidade. Ponto de lazer e entretenimento,
a Churrascaria Filipinho foi pioneira neste tipo serviço. Tempo depois, no
mesmo local, surgia uma boate com luz negra que rivalizava com a boate Cedro,
situada no então Clube Libanês, atrás do Ginásio Costa Rodrigues.
O bairro do Filipinho
teve a primeira quadra de esporte comunitária construída pelo poder público e ali
pontificavam os amigos Carlito, Braga, Zé Pequeno, Gimba, Tribi, Gildomar e
tantos outros.
A minha irmã tinha uma
casa no Filipinho que servia de ponto de encontro dos amigos e familiares para
as festas de carnaval no Jaguarema. Foi nesta casa que comemorei a minha
aprovação no vestibular do curso de Medicina e tive minha cabeça raspada como
mandava a tradição em uma manhã de domingo pelo meu cunhado Januário.
Uma lembrança de São
Luís!
HAMILTON RAPOSO DE
MIRANDA FILHO.
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