sexta-feira, 8 de novembro de 2024

 

A HISTÓRIA PSICOPATOLÓGICA DE VICENT VON GOGH

 

IDENTIFICAÇÃO: Vicente Von Gogh nasceu em 30 de março de 1853 em Zundert - Holanda, era filho de Theodoro Von Gogh e de Ana Cornélia Carbenti, artista plástico falecido em 23 de julho de 1890.

 

PERSONALIDADE PRÉ-MÓRBIDA:  Irritável, briguento e por pequenas divergências de opinião se transformava em brigas violentas.

 

HISTÓRIA CLÍNICA: Aos 21 anos (1874) apresentou descuido com a aparência e das atividades profissionais, isolamento social e redução do apetite.

Aos 24 anos apresenta um outro episódio, tem sentimento de culpa e se submete a diversas autopunições, bate em si próprio com um bastão, alimenta-se apenas de pão e se priva do sono. O discurso torna-se incoerente e cheio de ideias absurdas.

Aos 26 anos se envolve com a religião e passa atuar como evangelista na cidade de Borinage na Bélgica, e tem uma atuação com fervor fora do normal, faz trabalhos domésticos no mosteiro, reza na cabeceira de acidentados, trabalha dia e noite, doa todos os seus pertences aos pobres, inclusive as suas economias, recusa-se a comer e anda descalços e com roupas feitas de saco. É expulso da ordem religiosa devido seu comportamento ser considerado inadequado.

Volta para a casa dos pais na Holanda e seu pai decide interna-lo em uma instituição para doentes mentais. É a sua primeira internação.

Aos 31 anos Vicente Von Gogh tem insônia, diminuição do apetite, perda de peso e é descrito por familiares como irritadiço, triste e infeliz.

Aos 35 anos escreve uma carta para o seu irmão Theo, grande amigo e confidente, e diz “sentir-se muitíssimo bem, carregado de eletricidade, uma locomotiva para pintar, as ideias para o trabalho me vem em abundância”. Von Gogh trabalha com o pintor Paul Gauguin com quem se desentende e em um acesso de fúria, em uma noite de Natal, corta o lóbulo da sua orelha esquerda e tenta entregar para uma prostituta, que denuncia o caso para a polícia.

Von Gogh novamente é internado e devido gravidade do seu estado mental, é levado para uma solitária onde fica por vários dias amarrado. É internado no Hospital de Arles e assistido pelo Dr. Félix Rey, não alienista, que fez o seguinte diagnóstico: “Vicente Von Gogh é portador de uma espécie de epilepsia caracterizada por alucinações e por episódios de agitação confusa, cujas crises eram favorecidas pelo excesso de álcool.”

Outro não alienista, o diretor do Hospital de Arles, fez o seguinte diagnóstico: “uma espécie de mania aguda com dellirium generalizado.”

Aos 36 anos (1889/02) o quadro clínico de Von Gogh se deteriora e é internado novamente no Hospital de Arles, devido apresentar “delírios persecutórios, alucinações auditivas, tristeza, sentimento de vazio, incapacidade para o trabalho, autoestima muito baixa, episódios de agressividade, persegue e agride vizinhos, invade suas casas e faz ameaça de suicídio.” É internado novamente através da força policial atendendo petição assinada pelos vizinhos que não suportavam mais a sua convivência.

Entre abril e maio de 1889, Von Gogh é internado no Asilo de Saint-Paul – de – Maurale, devido apresentar “sentimento de vazio na cabeça, cansaço, melancolia, remorsos atrozes e incapacidade para o trabalho.” É assistido pelo médico não alienista, Dr. Peyron, que formula o diagnóstico” de mania e epilepsia.”

Em julho de 1889 recebe alta hospitalar e logo após a alta, de regresso para Arles, sofre uma nova crise, tem “alucinações auditivas, delírios de perseguição (acredita que autoridades católicas querem lhe envenenar e lhe aprisionar), quase não fala, não se alimenta e tenta suicídio ingerindo tinta.”

No dia 27/07/1890, Von Gogh sai para o campo para pintar uma das suas mais bela obra, mas só retorna à noite e estava sangrando na altura do abdome. Ele havia disparado um tiro em seu abdome. Von Gogh veio a óbito 30 horas depois do atentado, na madrugada do dia 29/07/1890, aos 37 anos, ao lado do seu irmão Theo e é este quem ouve as suas últimas palavras: “Falhei mais uma vez...não chora, fiz isso para o bem de todos... a tristeza duraria para sempre.”

 

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