CHICO COIMBRA, O MAGO DA MODA, CARNAVAL E FUTEBOL (do livro
personagens da cidade).
Hamilton Raposo de Miranda Filho.
Outubro quase terminando e carnaval chegando, o flagelo da
pandemia pelo coronavírus passou, como passa o carnaval, entretanto, se pretendo
falar de carnaval, vale lembrar de alguns personagens que fizeram história no
carnaval e na vida social de São Luís.
Há alguns anos, li em uma das redes sociais, um comentário do
ator e diretor de teatro Cesar Boaes sobre Chico Coimbra. O estilista e
carnavalesco que modificou o carnaval, o comportamento, a moda e a vida social
de São Luís.
É imaginável se pensar que as calças tinham nomes e formas, e
pouco importava a marca, situação bem diferente dos dias atuais. As calças
tinham nomes e se deixassem, tinham sobrenome, como a calça boca de sino,
pantalona, Saint Tropez e a desajeitada calça tipo toureiro. As calças vestiam
e caracterizavam a tendência e poucos se importavam ou tinham noção de crítica
do que vestiam. Tudo era muito esquisito. Às vezes, chego a me perguntar de
como vestir aquilo?
Os sapatos? Vale ressaltar e recordar o motinha, a bota
preconizada pelo programa jovem guarda, o sapato com salto carrapeta e os
sapatos bicolores, que ainda resistem em muitos dançarinos das famosas serestas
de São Luís. Tudo muito estranho. Tênis Adidas, Nike, Mizuno nada disso existia
e se quiséssemos um tênis, teríamos de recorrer ao Conga, Kichute ou Bamba.
Quem tinha algum problema de altura apelava para o sapato de salto carrapeta e
ganhava alguns centímetros na altura. Aqueles que eram mais estilosos
desfilavam com um motinha ou com uma bota estilo Roberto Carlos, a famosa bota
calhambeque, marca registrada dos produtos de Roberto Carlos, e quem gostava de
festa usava o esquisitíssimo sapato bicolor.
As camisas ballon, volta ao mundo e as terríveis camisas de
seda combinavam com o look para a ocasião, porém, nada se igualava em
esquisitice ao terno de xadrez usado pelos executivos ou as calças de listas
tipo pantalona.
Tenho uma foto do meu primo Franklin Filho vestido com uma
dessas calças e uma camisa curtíssima na porta do seu corcel 1976. Vale o
registro desse carro que sobreviveu a todas as farras possíveis e impossíveis
sem nunca ter feito uma revisão. O carro obedecia até comando de voz e rodava
somente com o cheiro do Rum Montila.
A moda em São Luís só ganhou estilo próprio com a chegada do
colunismo social como pauta de maior importância nos jornais da cidade. A
sociedade emergente necessitava de alguém com talento suficiente para desenhar
e assinar a nova moda da cidade. E a pessoa com talento suficiente e capaz de
criar um estilo ludovicense de se vestir, foi o meu amigo e vizinho da Praça da
Alegria, Chico Coimbra. A importância de Chico Coimbra ainda não pode ser
dimensionada, tudo que se refere a estilo, bom gosto, criação, carnaval e
futebol passou pala mãos talentosas de Chico. Torcedor fanático da Bolívia
Querida, Chico Coimbra assinou a equipagem mais bonita do Sampaio Correia, a
pedido do então presidente do Sampaio Correa, Dr. Nonato Cassas. Nesta época a
Bolívia Querida disputou o campeonato brasileiro da séria A e a equipagem do
time fez mais sucesso do que a participação do clube no campeonato.
Viva Chico Coimbra, um dos maiores maranhense do século XX!