sexta-feira, 9 de maio de 2025

 1ª LEITURA (do Livro a Missa do Oprimido - Monologo) 

HHamilton Raposo Miranda Filho

POEMA PARA O DEMÔNIO

“Abram-se as cortinas,

Acendam-se as luzes,

Vai começar o maior espetáculo da Terra,

Um show de luzes e cores,

Que jamais será esquecido”.

Assim anunciava

Um vassalo anfitrião,

O mestre-de-ordem do Império

E candidato ao fracasso eterno.


II

A entrada é franca

E ninguém deve faltar

Ao magnifico show da vida.

Os déspotas, 

Iluministas do engodo,

Anfitriões da mentira

E cortesãos do reino,

Estavam ali

Para dar alegria ao povo,

Ao pobre povo,

Sempre sedento

De pão,

Vida

E alegria.


III

Juntavam-se,

E a cada mentira contada,

Mais o povo se ajuntava...

Estavam felizes,

Haveria diversão

E comida.

Os enamorados,

Os ardentes de paixão,

Teriam energia sexual inesgotável,

Ninguém mais trabalhará, 

Haverá de ser decretado

O estado permanente do prazer.


IV

O reino pareceria um circo,

Havia luzes em todos os lugares,

Os atores

Eram os malabaristas da vida,

Doutores,

Gente como a gente...

E para facilitar a entrada dos convidados,

Os cortesãos,

Bajuladores de ofício,

Mentirosos de plantão,

Alpinistas sociais

E embusteiros,

Recepcionavam os convidados

Com a falsidade

E a malícia dos famosos.


V

O grande apresentador

Do reino encantado

Vestia-se soberbamente.

No rosto maquiado,

Trazia o sorriso do convencimento

E a alegria comum dos bem-nascidos.

O apresentador,

Rei da alegria, 

Brincava e sorria, 

E cada espectador,

Coadjuvante do espetáculo,

Era presenteado com uma bola de gás,

Para que ironicamente

Sorrisse com a festa

E não se lembrasse da vida.

VI


Na festa do reino encantado 

Não havia vergonha,

Não havia dor

E não havia lugar para o trabalho

E todos estariam felizes.

O reino da fantasia

Tinha alegorias incandescentes,

O ambiente transpirava éter,

E todos, inebriados pelo perfume,

Gritavam vivas 

À onipotência do rei!

E, contagiados pela alegria,

Esqueceram que serão

Vassalos na eternidade.

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