quinta-feira, 1 de maio de 2025

 

POEMA PARA DEUS

 

PARTE I

 O esterco estava sobre a mesa,

 O banquete seria servido,

 Começava o festival da decadência.

 Estavam reunidos

 Os famintos incongruentes

 Vorazes da devassidão,

 Crustáceos do anonimato

 E da escuridão absurda da alma humana.

 

Todos

 Transvestidos em legalistas

 E leguleios do passado hipócrita

 Que satisfazem na mesa

 A sua fome idólatra,

 Com o caos da moralidade.

 

Alimentam-se do seu próprio vômito,

 E no pedestal do medo e da fantasia,

 O ódio se fez vida

 E do ódio criaste uma geração.

 

Assim ruminas o vento,

 Com sussurros inaudíveis,

 Lamentam a decomposição enigmática do rei.

Satisfeitos,

 Os varões de moral marmórea

 Estupram a verdade

 E se ajoelham aos pés santíssimos,

 Confessando profanamente

 A bem-aventurança da mentira.

 

PARTE II

 A leveza do pecador

 É a graça da vingança,

 É a graça do humilde,

 É a tua vontade em permitir

 Ao intrépido perseguidor,

 Ao nefasto moralista,

 Ao príncipe da desigualdade e do ódio,

 Ao maligno da devassidão,

 Que encontre no seu caminho

 Na escuridão úmida

 Das tormentas destruidoras

 E das erupções ardentes,

 Que queimarão a tua alma disforme,

 Falsa,

 Hipócrita e destruidora.

 

De ti nada restará,

 Do pó vieste

 E ao pó retornarás...

 E não levarás coroa de flores

 E o teu jazigo será esquecido

 No anonimato dos defuntos

 E na imensidão do inferno.

 

Foi consumada

 A vingança da graça,

 A vingança do humilde

 E daquele que se fez oprimido.


 PARTE III

 Por onde tu andas

 Se deixaste sem nenhuma misericórdia

 Aqueles que te deram vida,

 Aqueles que te dão vida?

 

Por onde tu andas

 Se deixaste triunfar

 O príncipe opressor,

 O Senhor da Maldade,

 O cristão devasso,

 Incenso do ódio

 E perseguidor dos fracos e dos oprimidos?

 

Por onde tu andas

 Se deixaste morrer e sangrar

 Aqueles que deveriam ir a ti,

 Vítimas da intolerância

 que clamam pelo teu nome?

 

Por onde tu andas

 Se deixaste a sangria diária

 Dos imperfeitos

 E das Marias de todos os dias

 Apunhaladas pela espada falsa do amor?

 

Por onde tu andas

 Se deixaste que o amor manso e pacífico

 Fosse covardemente

 Assassinado pela mentira e violência?

 

Por onde tu andas

 Se deixaste de servir a mesa

 Para florescer a devassidão da fome,

 E permitiste que o carvão,

 O calor insalubre

 E a lama de Mariana

 Estivesse à mesa?

 

Por onde tu andas

 E por que permites

 A inversão da lógica da igualdade

 E da subalterna divisão do pão nosso de cada dia?

 Por onde tu andas?

EUESTOU AQUI”!

Nenhum comentário: