POEMA
PARA DEUS
PARTE
I
O banquete seria servido,
Começava o festival da decadência.
Estavam reunidos
Os famintos incongruentes
Vorazes da devassidão,
Crustáceos do anonimato
E da escuridão absurda da alma humana.
Todos
Transvestidos em legalistas
E leguleios do passado hipócrita
Que satisfazem na mesa
A sua fome idólatra,
Com o caos da moralidade.
Alimentam-se
do seu próprio vômito,
E no pedestal do medo e da fantasia,
O ódio se fez vida
E do ódio criaste uma geração.
Assim
ruminas o vento,
Com sussurros inaudíveis,
Lamentam a decomposição enigmática do rei.
Satisfeitos,
Os varões de moral marmórea
Estupram a verdade
E se ajoelham aos pés santíssimos,
Confessando profanamente
A bem-aventurança da mentira.
PARTE
II
A leveza do pecador
É a graça da vingança,
É a graça do humilde,
É a tua vontade em permitir
Ao intrépido perseguidor,
Ao nefasto moralista,
Ao príncipe da desigualdade e do ódio,
Ao maligno da devassidão,
Que encontre no seu caminho
Na escuridão úmida
Das tormentas destruidoras
E das erupções ardentes,
Que queimarão a tua alma disforme,
Falsa,
Hipócrita e destruidora.
De
ti nada restará,
Do pó vieste
E ao pó retornarás...
E não levarás coroa de flores
E o teu jazigo será esquecido
No anonimato dos defuntos
E na imensidão do inferno.
Foi
consumada
A vingança da graça,
A vingança do humilde
E daquele que se fez oprimido.
PARTE III
Se deixaste sem nenhuma misericórdia
Aqueles que te deram vida,
Aqueles que te dão vida?
Por
onde tu andas
Se deixaste triunfar
O príncipe opressor,
O Senhor da Maldade,
O cristão devasso,
Incenso do ódio
E perseguidor dos fracos e dos oprimidos?
Por
onde tu andas
Se deixaste morrer e sangrar
Aqueles que deveriam ir a ti,
Vítimas da intolerância
que clamam pelo teu nome?
Por
onde tu andas
Se deixaste a sangria diária
Dos imperfeitos
E das Marias de todos os dias
Apunhaladas pela espada falsa do amor?
Por
onde tu andas
Se deixaste que o amor manso e pacífico
Fosse covardemente
Assassinado pela mentira e violência?
Por
onde tu andas
Se deixaste de servir a mesa
Para florescer a devassidão da fome,
E permitiste que o carvão,
O calor insalubre
E a lama de Mariana
Estivesse à mesa?
Por
onde tu andas
E por que permites
A inversão da lógica da igualdade
E da subalterna divisão do pão nosso de cada
dia?
Por onde tu andas?
“EUESTOU AQUI”!
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