quinta-feira, 11 de outubro de 2018


O MARANHÃO É DE DÁ ÁGUA NA BOCA
Tem gente que faz de conta que não gosta, alguns não gostam, são uns chatos, outros comem escondidos e muitos se lambuzam e não negam as raízes, riquezas e benquerenças do Maranhão.
Imagine uma pescada frita? Se for cozida tem que ter ovo cozido e uma “nesga” de pimenta malagueta, passou do ponto, fica ardida e tira o sabor da pescada. Uritinga, gurijuba, tainha e bandeirada se estiverem gordos, ficam ainda melhor. Um detalhe: bandeirada tem quer assado no fogareiro. Tainha só pode ser moqueada na folha de bananeira. Peixe serra frito é a companhia imprescindível e preferida para o arroz com cuxá.  O peixe pedra é um caso à parte, o melhor de todos, come-se de todo jeito, inventaram até uma versão sem espinha. Tudo é de encher os olhos, o coração de orgulho e o estomago de gostosura.
Camarão frito, cozido, seco, de qualquer forma ou de qualquer jeito, como a imaginação determina, e se for de Tutóia, Santo Amaro, Primeira Cruz ou Humberto de Campos leva selo e grife de qualidade, o melhor do mundo!
Caranguejo, sururu no leite de coco e sarnambi come-se em qualquer lugar, em casa ou na praia, o que vale é o prazer de tê-los e de comê-los sempre temperado com pimenta de cheiro. Assino e comprova é o melhor antídoto para ressaca.
Piaba, traíra, mandi, mandubé, muçum e bagrinho delícias da água doce, dos campos da baixada ou dos perenes Mearim e Pindaré. A ceia de bagrinho é patrimônio cultural, gastronômico e histórico da cidade de Pinheiro.
Não esqueça que a farinha d’água é o acompanhamento principal do maranhense e tanto faz ser de Carema, Biriba ou de qualquer região do estado, com coco ou sem coco, come-se com tudo e a toda hora, come-se até com café, misturada com açúcar, com banana ou ovo frito. O maranhense adora ter indigestão e refluxo por farinha d’água.
Galinha de parida com pirão escaldado, bode no leite de coco, capão recheado, arroz de Maria Isabel com banana e paçoca feita no pilão, sarapatel, buchada de bode e linguiça, tem que ter a grife do sertão, Caxias, Buriti Bravo, Mirador ou qualquer cidade da região, são delícias da culinária e refeições para os fortes de estômago e de espírito, os fracos que me perdoe, devem limitar-se aos peixes e camarões.
Pato ao molho pardo, se possível o de Anajatuba, o famoso pato Paissandu, grande e gordo, do tamanho da fome e do desejo. Invejado pelos paraenses e na nossa culinária não acrescentamos o tucupi, ficamos na sua forma mais original, o pato ao molho pardo.
Maranhense não faz dieta, dificilmente será um vegetariano, verduras? Nos limitamos ao jongome e vinagreira. As frutas fazem parte da riquíssima gastronomia maranhense e delas, saboreia-se o canapu, pitomba, cajazinho, caju, siriguela, bacuri, juçara, abricó, abacaxi de Turiaçu, melancia de Arari, jaca de bago duro ou mole, murici, sapoti e manga de todas as versões, de fiapo, rosa, espada, constantina e manguita.
Queijo tem que ser o de São Bento, não existe igual, nem a França com sua tradição em queijos conseguiu fazer igual. Combina com qualquer sobremesa maranhense. Escolha uma e não se preocupe com a harmonia e com a balança, tudo lhe é permitido: doce de leite, goiaba em caldas, cajui e caju em caldas, doce de buriti, mamão verde, casca de laranja da terra ou línguas de bacuri. Se você quiser um café não se esqueça do beiju, bolo frito, cuscuz ou manuê. Até um quebra-queixo é recomendado.
Para beber escolha cachaça de Santo Antônio dos Lopes, Ibipira de Mirador ou Jatobá de Penalva. Se quiser uma tiquira tome cuidado em não banhar ou molhar os pés. E para adocicar mais ainda a vida do maranhense temos o Guaraná Jesus, o sorvete de coco na casquinha e não se arrenda em ser, sinta-se maranhense e viva a maranhensidade!

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