POEMA PARA O DEMÔNIO
I
“Abram-se
as cortinas,
Acendam-se
as luzes,
Vai
começar o maior espetáculo da Terra,
Um
show de luzes e cores,
Que
jamais será esquecido”.
Assim
anunciava
Um
vassalo anfitrião,
O
mestre-de-ordem do Império
E
candidato ao fracasso eterno.
II
A
entrada é franca
E
ninguém deve faltar
Ao
magnifico show da vida.
Os
déspotas,
Iluministas
do engodo,
Anfitriões
da mentira
E
cortesãos do reino,
Estavam
ali
Para
dar alegria ao povo,
Ao
pobre povo,
Sempre
sedento
De
pão,
Vida
E
alegria.
III
Juntavam-se,
E
a cada mentira contada,
Mais
o povo se ajuntava...
Estavam
felizes,
Haveria
diversão
E
comida.
Os
enamorados,
Os
ardentes de paixão,
Teriam
energia sexual inesgotável,
Ninguém
mais trabalhará,
Haverá
de ser decretado
O
estado permanente do prazer.
IV
O
reino pareceria um circo,
Havia
luzes em todos os lugares,
Pois
os atores
Eram
os malabaristas da vida,
Doutores,
Gente
como a gente...
E
para facilitar a entrada dos convidados,
Os
cortesãos,
Bajuladores
de ofício,
Mentirosos
de plantão,
Alpinistas
sociais
E
embusteiros,
Recepcionavam
os convidados
Com
a falsidade
E
a malícia dos famosos.
V
O grande apresentador
Do reino encantado
Vestia-se soberbamente.
No rosto maquiado,
Trazia o sorriso do convencimento
E a alegria comum dos bem-nascidos.
O apresentador,
Rei da alegria,
Brincava e sorria,
E cada espectador,
Coadjuvante do espetáculo,
Era presenteado com uma bola de gás,
Para que ironicamente
Sorrisse com a festa
E não se lembrasse da vida.
VI
Na festa do reino encantado
Não havia vergonha,
Não havia dor
E não havia lugar para o
trabalho
E todos estariam felizes.
O reino da fantasia
Tinha alegorias
incandescentes,
O ambiente transpirava éter,
E todos, inebriados pelo
perfume,
Gritavam vivas
À onipotência do rei!
E, contagiados pela alegria,
Esqueceram que serão
Vassalos na eternidade.
Um comentário:
Belíssimo poema, como todos da sua lavra. Denso e poeticamente muito bem construído. Parabéns pelo belo espaço.
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